terça-feira, 26 de junho de 2018

40 Usos de Telemóveis nas Salas de Aula

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Artigo publicado no Blog GoConqr em 24 de fevereiro de 2015.

Ironias da vida. Depois de anos a lutar para evitar o uso de telemóveis nas salas de aula, as novas tendências educacionais apontam precisamente na direção oposta.
O telemóvel, tão utilizado hoje em dia em função de mensagens instantâneas como o WhatsApp, e redes sociais como o Facebook, pode no entanto ser, muito mais versátil e funcional no que diz respeito à educação.
Os defensores do uso de tecnologia na sala de aula – ExamTime incluído – sabem que o uso de dispositivos móveis mais vale como aliado aos estudos e ao aprendizado do que como substituto de métodos tradicionais de ensino.
O uso indiscriminado do telemóvel na sala de aula não é uma tendência, mas sim uma combinação com o método de ensino do professor para não apenas dinamizar a aula, mas principalmente diminuir ainda mais a distância entre professores e a nova geração tecnológica de estudantes. Por isso, para levar adiante o uso responsável do telemóvel por parte dos alunos, é fundamental estabelecer regras e limites.
ExamTime reuniu neste artigo um guia com os 40 usos de telemóveis nas salas de aula.

Revolução na Sala de Aula

  1. Consultar dados: provavelmente o mais comum de todos. Tanto alunos como professores podem consultar dados específicos que não sabem em segundos, o pode ser muito útil  durante a aula ou na hora de realizar trabalhos.
  2. Tirar fotos: um telemóvel pode ser usado como câmara fotográfica para assim ilustrar trabalhos e apresentações.
  3. Fazer vídeos: parecido ao anterior. Por exemplo, os telemóveis podem servir para gravar experimentos e incluí-los em trabalhos e projetos.
  4. Fazer testes: Este é provavelmente um dos usos mais interessantes e revolucionários do telemóvel na sala de aula. Os alunos agora podem usar os seus telemóveis para fazer testes rápidos e realizar quizzes criados anteriormente pelo professor. Desta maneira, o professor pode obter informações em tempo real sobre o conhecimento de seus alunos e a eficácia do seu ensino. Queres usar esta técnica? Descarrega agora a app de ExamTime.
  5. Ler notícias: Muitos professores frequentemente incluem artigos de notícias como parte do seu método de ensino (por exemploEconomia). O nosso telemóvel pode ajudar-nos a obter acesso a notícias e assuntos atuais na sala de aula em um instante.
  6. Dicionário:  uma infinidade de aplicações de dicionário que te permitem verificar o significado de uma palavra instantaneamente.
  7. Tradutor: novamente, o telemóvel pode ajudar com significado e explicação de uma palavra estrangeira, assim como a aplicação de dicionário.
  8. Calendário: não confundirás ou esquecerás mais das datas de exames ou quando deves entregar um projeto. Agora há aplicações que te permitem sincronizar calendários.
  9. Anotar ideias: A inspiração não vem sempre quando queremos. Por isso tenta usar o teu dispositivo móvel para tomar notas a qualquer momento.
  10. Ouvir música: há um tempo atrás falamos como a música pode ajudar com o estudoAlém disso, não precisas armazenar as tuas canções se usas serviços como o Spotify ou Soundcloud.
  11. Imagens: como bem sabesuma imagem vale mais que mil palavras. Por esta razão, em muitos casos, os alunos entendem conteúdo facilmente quando há uma imagem relacionada a uma explicação.
  12. Rever conteúdo: O telemóvel permite obter acesso a material de estudo e revê-lo antes de um exame. Nao te esqueças de registar em ExamTime e logo descarregar a app de ExamTime.      
  13. Como cronómetro/temporizador: aulas, exercícios e apresentações muitas vezes vêm com prazosPratica o gerenciamento de tempo usando o cronómetro do teu dispositivo móvel.
  14. Ler livros eletrónicos: muitas vezes é necessário utilizar livros e material de apoio para realizar trabalhos, especialmente na Universidade. Existem aplicações como o Kindle que podem ser usadas para ler livros e tomar notas de qualquer lugar.
  15. Gravador de Voz: com o telemóvel os alunos têm a possibilidade de gravar aulas para mais tarde consultá-las ou realizar trabalhos onde a inclusão de som é necessáriaNestes casos, lembra-te sempre de primeiro obter a permissão do professor.
  16. Descobrir recursos de estudo relacionados com a aula: entre outras funções, a App de ExamTimepermite pesquisar entre mais de um milhão e meio de recursos de estudo criados por utilizadores.
  17. Scanner de documentos: apesar de não oferecer a mesma qualidade que um scanner tradicional, a câmara de um telemóvel pode servir de scannerAlguns professores até mesmo apoiam a entrega de trabalhos em fotos (por exemplo, exercícios de matemática)
  18. Calculadora: existem inúmeras aplicações que permitem realizar todas as operações de umacalculadora científicaIsso ajuda a reduzir a quantidade de itens que os alunos levam nas suas mochilas.
  19. Editar vídeos: não só podes fazer vídeos de música, mas também podes editá-los, adicionar texto,filtros, efeitos e muito mais.
  20. Editar imagens: como com vídeoso mesmo pode ser feito com imagens.
  21. Publicar no blog da turma: estes blogs são uma prática cada vez mais comum. Com o telemóvel podes escrever e publicar artigos a qualquer momento.
  22. Acompanhar as visitas ao blog: a aplicação de Google Analytics permite analisar a evolução do blog educativo a qualquer momento.
  23. Fazer apresentações: em vez de andar sempre com um pen drive, podes guardar o material no teu móvel e conectá-lo diretamente ao projetor. Já experimentaste o “modo de visualização” dos Mapas Mentais de ExamTime?
  24. Controlo remoto: seja para mudar de um slide para outro durante uma apresentação ou para parar e reproduzir um vídeo, existem aplicações que permitem usar o telemóvel como um controlo remoto.
  25. Comunicar: a megafone é algo do passado. Se um aluno precisa de ir à Secretaria ou ao gabinete do diretor, pode comunicar-se com eles, por meio de uma mensagem de texto.
  26. Armazenar fórmulas: o telemóvel permite armazenar fórmulas matemáticas e tê-los sempre à mão.Além disso, existem aplicações específicas que já contêm centenas de fórmulas matemáticas de uso comumtudo o que precisas fazer é procurá-las.
  27. Controlar o barulho na sala de aula: o teu telemóvel pode servir de aparelho decibelímetro e indicar quando o nível de ruído está muito alto. Recompensa os alunos mantendo o ruído a um nível acordado. Aplicação recomendada: Too Noisy
  28. Atualizações: Remind é uma app desenhada para enviar notificações a pais e/ou alunos sem necessidade de saber os seus números de telefone. Isto significa que as fronteiras entre a vida privada e a da sala de aula podem ser mantidas sem que a comunicação seja prejudicada.
  29. Localizar pontos no mapa: Durante a aula pode haver países ou cidades que os alunos desconhecem. Aplicações como o Google Maps podem ajudar-nos a localizá-los especialmente em classes de História e Geografia.
  30. Tweetar: o Twitter é uma rede social que tem muitos usos educativos. O nosso telemóvel é provavelmente a melhor maneira de obter acesso a ela para ler e escrever tweets. 
  31. Estudar vocabulário: na aula de inglês (ou outras línguas), a aprendizagem de vocabulário desempenha uma parte fundamental da língua, a que muitas vezes os alunos não prestam a atenção que deveriam. Nesse sentido, os Flashcards são um dos recursos que proporcionam melhores resultados e a visualização usando um móvel é simples e conveniente.
  32. Marcar presença: existem inúmeras aplicações que podem ajudar a manter o controlo sobre a presença dos alunos na sala de aula usando apenas um telemóvel.
  33. Avaliar o desempenho de alunos: os telemóveis podem ser usados para monitorar e manter o controlo sobre as notas de cada aluno em exames ou testes. Assim, os professores têm acesso a um aluno em particular a qualquer momento caso seja necessário e podem ver se esse aluno está a progredir.
  34. Relógio: estudos mostram que mais pessoas usam o seu móvel para consultar as horas invés de um relógio de pulso. Por que não verificar o tempo no teu dispositivo móvel também?
  35. Inspirar: a originalidade é uma das características mais desejadas num trabalho ou projeto. O móvel fornece uma janela para o mundo onde qualquer tópico pode ser investigado e novas ideias adquiridas.
  36. Compartilhar anotações: muitos professores costumam distribuir o material no início ou no final da aulaEm vez de perder tempo com fotocópias, o teu dispositivo móvel permite executar esta função facilmente. Mais uma vez, App de ExamTime pode ajudar com isso!
  37. Quadro branco: enquanto a maioria das aplicações que servem de quadro branco são otimizados para tablets, há algumas que podem ser utilizadas a partir do telemóvel e permitem projetar tudo o que desenhas.
  38. Clima: para aqueles professores que gostam de passar a aula ao ar livre, apps meteorológicas podemser muito úteis para a previsão de tempoEssas aplicações também podem ser usadas em aulas para especificamente explicar as condições climáticas em outras regiões / países
  39. Medir a produtividade: existem aplicações, como Time Recording Pro, que permitem medir o tempo dedicado a uma tarefa em particular. Isto pode ser muito útil para professores e alunos ao ter que realizar um projeto dividido em várias fases.
  40. Jogar: muito se tem falado da gamificação do processo educativo, ou seja, a necessidade de transformar a aprendizagem em um jogo tanto quanto possível. Há literalmente centenas de aplicações educacionais que podem tornar o aprendizado mais fácil e agradável para os estudantes.

Estes 40 usos de telemóveis nas salas de aula são apenas uma pequena amostra das possibilidades que um telemóvel pode proporcionar.  processo de ensino e aprendizagem pode ser enriquecida se estas ideias forem adotadas. 

Viciado no Facebook? A rede social pode ter a solução para o seu problema



Artigo de Pedro Simões para o Pplware, em 23 de junho de 2018.

É um dado adquirido que o Facebook quer que os seus utilizadores estejam o máximo de tempo dentro da rede social. Só desta forma consegue garantir que a utilização e as publicações são maximizadas.

Claro que muitos consideram que esta constante presença pode ser já um vício e que deve ser tratada. O Facebook parece ter consciência desta situação e está já a trabalhar para resolver o problema.

A maioria dos utilizadores do Facebook, e de outras redes sociais, abusam do tempo que passam dentro destes mundos virtuais. É um constante fluxo de informação que muitos procuram aproveitar ao máximo e assim manterem-se atualizados.

Mas ao fim de algum tempo esta sede de informação acaba por ser viciante e existe uma constante procura por mais. Estas são situações anormais e que o Facebook quer eliminar, estando já a trabalhar nas ferramentas necessárias para isso.

Foi descoberto na versão de testes da app do Facebook para Android uma nova funcionalidade, que irá mostrar ao utilizador o tempo que estes têm passado dentro da rede social.

A funcionalidade “Your Time on Facebook” irá mostrar aos utilizadores o tempo que estes passaram dentro da rede social nos últimos 7 dias, bem como o tempo médio por dia que foi passado dentro da app.

Claro que esta informação é útil, mas o Facebook irá também permitir que sejam criados alertas para notificar os utilizadores sempre que determinados limites de tempo sejam ultrapassados.

Esta recente preocupação com o tempo passado tem estado a ser alargada no mundo dos dispositivos móveis. A Google abriu o caminho com o Android P e a Apple seguiu-o com o iOS 12. Ao mesmo tempo as próprias app começaram a alertar os utilizadores e o Facebook parece ser o próximo a estar presente neste campo.

quinta-feira, 14 de junho de 2018

Falso namoro no Facebook acaba em chantagem sexual

Photo by Tim Bennett on Unsplash


Artigo de Alexandre Panda para o Jornal de Notícias, em 9 de Junho de 2018.
Carente e sozinha, envolveu-se virtualmente com um desconhecido, através da rede social Facebook e aceitou enviar-lhe fotos íntimas. Acabou por ser chantageada, mas a Polícia Judiciária da Madeira conseguiu prender, em flagrante delito, o indivíduo, de 23 anos, que exigia várias centenas de euros à mulher para não divulgar publicamente as fotos.
O caso iniciou-se há cerca de um mês, quando a mulher aceitou o pedido de amizade do homem, que tinha criado um perfil falso, com nome e fotografias alheios. Nascia assim uma amizade virtual, com muita conversa e partilha de opiniões sobre a vida. Tudo parecia ser real.
Para a vítima, de 30 anos, o homem parecia ser gentil, compreensivo, atento e presente. Esqueceu-se que, através de um nome e de uma fotografia de uma rede social, pode esconder-se todo o tipo de pessoas.
O relacionamento tornou-se tão "intenso", que a mulher acreditou na suposta sinceridade do indivíduo. As conversas de Facebook podiam passar a ser um verdadeiro namoro, genuíno.
Só que o objetivo do homem era outro. Conseguiu convencê-la a despir-se e mandar-lhe fotos nua, nas quais era facilmente identificável.
Quando já tinha fotos suficientes revelou à vítima a sua real face. Exigiu-lhe várias centenas de euros para não as divulgar.
Perante a ameaça da vergonha e de ver lesada a sua reputação, a mulher disse ao indivíduo que iria pagar. Mas, ao mesmo tempo, foi à Polícia Judiciária do Funchal contar tudo.
Os inspetores prepararam então uma operação para deter o indivíduo em flagrante delito, quando este iria receber o dinheiro. Marcaram um encontro na zona de Câmara de Lobos, onde a vítima se deslocou à hora prevista. Apareceu o "namorado virtual" que, mal se dirigiu à vítima, foi abordado pelos inspetores.
Foi quinta-feira levado para o tribunal que o obrigou a seguir um tratamento psiquiátrico e a apresentar-se periodicamente às autoridades.

quinta-feira, 7 de junho de 2018

Entrevista a uma hacker: “O envio de fotos íntimas é sempre inseguro”

Photo by Jay Wennington on Unsplash



"Ana Santos é uma hacker profissional e vive a testar sistemas de segurança. Leia uma entrevista que deve deixar-nos alerta. E preocupados.

O uso de fita adesiva nas câmaras dos portáteis é justificado, em 2018 já não se admite que as palavras-chaves sejam básicas e simples de adivinhar, e são cada vez mais os riscos associados à falta de proteção no meio online. Quem o diz é Ana Santos, 28 anos, natural de Lousada, mas que reside agora em Lisboa a trabalhar na área da segurança informática.

Ana é uma hacker ética e grande parte do seu trabalho passa por monitorizar a infraestrutura informática da empresa onde está empregada, onde também aposta em medidas de prevenção contra possíveis ataques ou vulnerabilidades. À MAGG não só respondeu a 21 perguntas acerca do seu trabalho, como também contou como foi singrar num meio tipicamente masculino. E revelou ainda qual é a forma mais frequentemente utilizada para roubo de informação pessoal.

(...)

Qual é a forma mais usada para roubo de informação?
A engenharia social, que dita que o elemento mais vulnerável de qualquer sistema de segurança é o ser humano. Precisamente porque possui traços comportamentais e psicológicos que o torna suscetível a ser vítima de um ataque informático. O simples facto de ir na rua e alguém lhe pedir os seus dados para uma promoção fantástica onde é possível vir a ganhar não sei o quê, é uma forma muito simples de um ataque à base de engenharia social.

A partir do momento em que fornece aqueles dados, a sua segurança e privacidade está automaticamente posta em causa já que perdeu o controlo total acerca da forma como aquela informação poderá vir a ser utilizada no futuro.

Lembro-me que quando me encontrou no Facebook, disse-me que nunca se devia colocar o local de trabalho visível no perfil. Porquê?
Costumo fazer sempre uma espécie de jogo nas formações que dou. Olho para a lista de presenças, vejo os nomes de todos os presentes e vou ao Facebook procurar por eles. Além dos nomes, procuro também pelo nome da empresa onde estão empregados e facilmente os encontro. Depois é só uma questão de confirmar os dados através de outras redes sociais — como o LinkedIn — e como é óbvio a informação está lá toda o que me permite ficar a saber tudo acerca daquele indivíduo que, há coisa de cinco minutos, não fazia ideia quem era.

Mas como é que essa informação é usada em engenharia social?
Imagine que faço um levantamento exaustivo sobre si. Sei onde passou férias e onde trabalha. Dirijo-me à sua empresa com um cartão falso de funcionário e digo que sou nova na empresa. Geralmente todos aproveitam o tempo de pausa para ir almoçar ou para vir fumar um cigarro cá fora e eu faço uso disso para meter conversa consigo. Digo que sou nova na empresa e estamos durante um bocadinho a falar. Eu finjo que não sei nada sobre si e a conversa flui livremente, até que chega à hora de entrar no edifício e eu não consigo — já que o meu cartão não é real.

O segurança, por ver que tenho um cartão exatamente igual ao de outros funcionários, abre a porta — numa empresa com dezenas de pessoas é muito improvável que seja capaz de memorizar caras. Depois é uma questão de chegar ao departamento onde me desejo infiltrar, e é tão fácil como pedir indicações. Ninguém vai desconfiar ou negar a entrada, precisamente porque sou nova na empresa e fiz uso de toda a informação que descobri previamente sobre si para conseguir passar da porta da entrada.

Acha que as pessoas subestimam os perigos da falta de segurança nas redes sociais?
Sim, são cada vez mais os casos de rapto ou desaparecimento de miúdos porque foram criados perfis falsos de Facebook para atrair crianças através do mais variados pretextos.

Há informação suficiente acerca dos perigos?
Não há informação suficiente e as pessoas não estão formadas. Além de darem a sua segurança como garantida, não fazem o mínimo esforço para camuflar um bocadinho das suas vidas privadas. Parece que não há filtro e tudo de domínio público, o pior é que há muita gente que faz vida do uso indevido dessa informação.

Quão inseguro é o sexting e o envio de fotografias íntimas?
O envio de fotos íntimas é sempre inseguro. Nunca se sabe quem é que vai conseguir entrar no computador ou no telemóvel ou, pior, o que vai acontecer a essas fotografias depois de enviadas. É um bocadinho o que acontece com a instalação de aplicações no telemóvel. São muitas as pessoas que, ao instalar uma determinada app, não questionam tudo aquilo a que passa a ter acesso.

Porque é que uma simples aplicação de efeitos de fotografias, por exemplo, tem de ter acesso à câmara, ao microfone e aos contactos do telemóvel? Quase ninguém se questiona e aceitam simplesmente tudo o que lhes é apresentado.

O armazenamento na nuvem é seguro?
Não quero desenvolver muito porque ainda é um tema que causa muita discordância entre muitos dos profissionais da área. Eu, pessoalmente, fujo sempre de alguns dos serviços mais conhecidos e usados — como a Dropbox ou a Google Drive — e ainda sou daquelas pessoas que usam discos rígidos para guardar toda a informação pessoal. A cloud ainda não me convenceu porque na verdade nunca sabemos bem onde é que os nossos dados estão guardados e quem é que pode ter acesso a eles.

E os serviços que dizem encriptar as nossas mensagens e torná-las privadas? É mesmo assim?
Creio que para nós, que trabalhamos na área, é difícil confiar a 100% no que nos dizem. Por vezes só o fazemos quando existe um certificado que dita que aquele serviço é totalmente seguro, mas também não podemos viver num mundo à parte. Pessoalmente, gosto muito de usar o WhatsApp, que foi um dos serviços a encriptar as mensagens enviadas e recebidas entre utilizadores — o que significa que supostamente estão livres de olhos alheios.

No entanto, o serviço foi comprado pelo Facebook… e não sei bem até que ponto é que nos estão a dizer toda a verdade.

(...)

Qual é a melhor forma de preservar a segurança de alguém online?
Uma vez li uma frase que dizia qualquer coisa como: “Se não é capaz de estampar uma t-shirt com aquilo que está a pensar, porque haveria de o publicar em plataformas online?” Acho que é um bocadinho por aí.

(...)

O utilizador continua a ser o maior obstáculo à sua segurança?
Sim, e é por isso que, para mim, é essencial formar pessoas. Quanto mais informação houver, mais seguras as pessoas vão estar. Já o disse e volto a repetir: muitas das pessoas dão a sua segurança como garantida. Não sabem quando foi o último grande ataque informático e nem questionam se podem ou não ter um vírus instalado no computador. Simplesmente assumem que não e não se preocupam mais com isso.

Qual é a melhor password?
Não há uma password ideal, mas aquelas que demoram mais tempo a descobrir são as melhores. Há várias formas para criar uma palavra-passe forte, como escrever uma frase e alternar entre números, caracteres especiais — como parêntesis, arrobas ou pontos de exclamação — e colocar as letras em caixa alta e caixa baixa. Tudo o que seja mais difícil de descobrir é suficiente. E qualquer coisa é melhor do que a típica chave “123456”.

Ainda faz sentido meter fita adesiva na câmara da portátil?
Sim, sem dúvida. Eu uso e não me arrependo. É muito fácil ser estabelecido um acesso indevido às câmaras dos computadores e muitas vezes as luzes das câmaras não são acionadas para que o utilizador não desconfie. Desde usar fita adesiva ou aquelas tampas que colam ao ecrã, tudo serve.

Caso contrário, costumo sempre dizer às pessoas com quem falo para não irem para a casa de banho ou se despirem em frente ao computador. Tudo por uma questão de privacidade. Não custa nada prevenir".

Excerto de entrevista por Fábio Marins para MAGG, em 2 de junho de 2018.

quarta-feira, 6 de junho de 2018

Leia a entrevista a Teresa Castro, co-autora de livro “Alerta Premika! Risco Online Detetado” ao blog “A Estante das Marias”




Hoje inauguramos uma nova rubrica aqui no blog. Em “Gente com Livros” vamos conversar mensalmente com diferentes pessoas que partilham connosco o gosto pelos livros. 
Ainda no âmbito do Dia Mundial da Criança, escolhemos inaugurar esta secção com a Teresa Sofia Castro, uma das autoras do livro “Alerta Premika! Risco Online Detetado” porque hoje, mais que nunca, importa falar da relação das crianças com as tecnologias, e o seu papel neste mundo cada vez mais hiper conectado. 
A entrevista foi conduzida pela Maria P.
Como é que surgiu este livro?
Este projeto surge na sequência do meu doutoramento, como tu sabes a minha tese foi escrita em inglês porque eu tive um período dos meus trabalhos de doutoramento em Inglaterra. Na defesa de tese foi-me lançado o desafio de trazer informação, que era considerada pertinente e útil, para as famílias e as escolas portuguesas. Por uma feliz coincidência, o Instituto de Apoio à Criança procurava um novo projeto, que fosse lúdico, que fosse pedagógico, para ajudar as famílias e as escolas a lidar com os desafios das tecnologias e da internet. Na altura, contactaram a Professora Cristina Ponte, da Universidade NOVA de Lisboa, que, por conhecer o meu trabalho, lhes sugeriu que falassem comigo. Numa deslocação ao IAC, conheci a Cláudia Manata do Outeiro, levei-lhe alguns dos diálogos que tive com as crianças com quem fiz investigação. E depois, juntou-se ao projeto também a Raquel Palermo. Houve, de facto, um alinhamento perfeito de circunstâncias, pessoas e compromissos e daí até nascer o primeiro número foi percorrido um caminho de muita aprendizagem.
Pois, porque a tua tese de doutoramento já foi no sentido de investigar a forma como as crianças interagem com a tecnologia…
Sem dúvida! A minha investigação pretender conhecer o dia-a-dia das crianças à volta das tecnologias, o que é que gostam de fazer, como fazem, com quem fazem, como interagem entre eles. As crianças são ativas e criativas na construção das suas culturas e na apropriação das tecnologias móveis digitais. Mas ver como isto acontece no dia-a-dia é um desafio, porque muita coisa escapa ao radar dos adultos: condutas, vocabulário, interesses, dinâmicas... Daí a pertinência deste livro, não só ele oferece uma perspetiva de uma nova geração que está sempre conectada, como revela novos paradigmas de viver a infância. E aqui também há o convite aos pais, aos professores e aos adultos que trabalham com crianças de promoverem uma mediação que capacite as crianças para os desafios, mas também as oportunidades, já que ambos andam de mãos dadas.
O que é que te atraiu nesta área de investigação?
Por acaso é curioso, porque na altura o que eu queria estudar eram as raparigas e as mulheres nas tecnologias e disseram-me que era uma tema que “já estava mais que ultrapassado, toda a gente já tem acesso, e que seria interessante investigar o que se estava a passar com as crianças”. Eu sou filha única, os meus primos são todos muito mais velhos, nunca tive assim um historial de contacto com crianças, e essa ideia acabou por ser interessante porque era uma faixa etária que eu não conhecia assim tão bem. O facto de ter feito um Mestrado em Estudos da Criança acabou aqui por dar um empurrãozinho e de perceber a criança como um agente ativo, competente nas suas decisões, mas pouco ouvida em matérias que lhes dizem respeito. Toda a minha investigação alinha, do ponto de vista teórico e metodológico, com o direito da criança a ser ouvida e vista.
Como é que foi o processo de passar da tua tese para este livro?
Na altura da defesa desafiaram-me a trazer esses dados a público, a transformar a tese em livro. Eu tenho vários artigos académicos publicados em português em inglês. Mas na minha perspectiva, publicar a minha tese em livro não iria ter um impacto efetivo de serviço à sociedade. Seria mais um livro académico para ficar numa prateleira de uma biblioteca, que nenhum pai ou professor procurariam ler. Então, é aí que se dá o casamento perfeito entre a investigação e a verdadeira utilidade do investimento que fiz no doutoramento. Tive a sorte de ter as pessoas certas à minha volta, a professora Cristina Ponte, uma pessoa iluminada e com uma grande entrega a estas problemáticas. A Cláudia Manata Outeiro, outra autora do livro. Ela é professora destacada no IAC e tem uma paixão e grande entrega aos direitos da criança, que não podemos esquecer que passam também pelo digital. E, por fim, a Raquel Palermo, que tem um longo currículo na escrita para crianças. Acabou por ser uma combinação muito interessante de três pessoas com percursos muito distintos, mas que foi a fórmula perfeita para dar asas a este projeto. E este não é um livro convencional, pegando aqui na metáfora do que é a internet e suas hiperligações, construímos um livro dinâmico e interativo, permitindo ao leitor, à criança, ao adulto, tomar decisões a cada passo na história. E essas decisões afetam o desenrolar da história com efeitos para as personagens. Esta particularidade tem aqui uma vertente pedagógica e de reflexão muito interessante quer a criança faça a leitura sozinha, ou em contexto de família, ou de escola.
Pois, porque este livro não permite só um olhar da criança, permite também o olhar do adulto que a educa. É uma ferramenta para ambos. E num mundo completamente online, e com um gap geracional cada vez maior, os pais também andam à procura disto.
Exatamente. Ou seja nós temos essa diferença de idades que tu falas, e isso aconteceu também connosco em relação aos nossos pais, que estão muito mais próximos daquilo que Prensky chamava de “imigrantes digitais”. Mas, agora temos uma outra geração de pais que já é muito mais competente digitalmente falando, mas claro que o gap existe sempre porque é normal, é aquilo que distingue as gerações. Eu acredito no diálogo intergeracional e este livro promove isso. É um facto que desde muito pequeninas as crianças habilmente mexem num ecrã e encontram conteúdos que alinhem com os seus interessem, vejo isso na minha investigação com crianças menores de 8 anos. Mas, cidadania digital vai muito além disso e é aí que o papel dos pais, dos educadores é muito importante, ajudando as crianças a adquirir competências críticas, empatia, comportamentos de segurança que as ajudem a tirar partido de uma boa utilização destes recursos da sociedade do conhecimento. E também será muito positivo aprendermos com elas.
Uma das características que o livro tem de muito importante é que ela é construída numa numa lógica bottom up, isto é, toda história se desenvolve à volta de diálogos reais e das palavras que as crianças usam, das suas dinâmicas, e a partir daí fomos ligando diálogos, construindo e ficcionando a história.
Como decorreu o processo de escrita? 
O que testemunhei em contexto de investigação a par com a experiência da Cláudia com crianças nas escolas e da Raquel também como mãe e escritora foi importante para o processo criativo de escrita. Lemos, relamos, negociamos, reescrevemos. Todas contribuímos com olhares muito inclusivos de modo a ver as diferentes dimensões da infância. Este livro tem um fundamentação científica. Aqui também pudemos contar com a colaboração do centro Internet Segura na revisão da história. Este trabalho a várias mãos foi fundamental tendo em conta os vários caminhos e várias histórias que encontramos neste número 1 da coleção. Houve sempre um trabalho exaustivo de revisão, refazer, reescrever… foi uma aventura muito trabalhosa [risos].
Qual é o feedback que tens tido desta obra?
Muito positivo! Principalmente a Cláudia, que está no IAC, tem feito este trabalho fantástico junto das escolas e das bibliotecas e o feedback é muito positivo quer por pais, professores, e especialmente pelas crianças. Da minha parte, e especialmente em conferências, seminários e palestras tenho tido a oportunidade de falar do livro. As apresentações que temos feito de norte a sul do país, e no mês passado nos Açores, têm contado com profissionais das áreas da comunicação, da psicologia e da educação, e o feedback também é extremamente positivo e encorajador. Porque lá está, o livro tem todos os ingredientes para ser uma ferramenta pedagógica útil e as vendas revelam isso, já que em menos de um ano estamos na segunda edição do livro.
Já há mais que uma edição, e o livro não tem assim tanto tempo, e até onde sei há inclusivamente planos para fazer uma edição internacional…
Ora bem, aí é que é mais complicado. A nível internacional eu já falei com uma investigadora que trabalha para a Comissão Europeia, e ela diz que de facto as crianças precisam deste tipo de narrativas, que vão ao encontro daquilo que é o dia-a-dia delas. É preciso trazer outro tipo de fábulas. Também apresentei o livro em Inglaterra a algumas pessoas, nomeadamente dos centros de internet internacionais. Também estes profissionais têm aqui muito interesse em trabalhar este livro, e até por parte das redes internacionais nas quais eu colaboro. A questão é que traduzir e trazer isto para o mercado internacional tem custos, porque é preciso adequar a linguagem à que é usada lá, pelas crianças de lá. É preciso fazer aqui algumas adaptações e nesse aspecto, envolvendo dinheiro e recursos, as pessoas esperam que o produto seja apresentado mas o processo… é muito difícil alguém dar o passo.
É pena que assim seja. De qualquer das formas parabéns pelo sucesso, fico muito contente!
E já temos uma segunda história escrita, que é sobre os jogos online, com o Tiago, como personagem principal. No primeiro número a personagem principal da história é a Marta, uma rapariga, e as redes sociais, porque o que as pesquisas nos dizem e que o terreno mostra é que, de facto, o território das redes sociais é marcadamente mais feminino e o dos jogos, mais masculino, embora com as suas nuances. Nós pensamos seguir um bocado essa lógica embora não numa perspetiva de exclusão, mas tínhamos que fazer aqui algumas escolhas.
Muito bem, que boas novidades me estás a contar! Mas esse já está em fase de escrita?
Está já escrito. Mas o trabalho ainda não terminou. Tendo em conta a celeridade com que a tecnologia avança e com ela a forma como as crianças incorporam tendências e moldam prática, o processo de escrita e revisão é um trabalho exaustivo até ao dia de ir para a gráfica, porque também há essa responsabilidade da nossa parte.
Tu abdicaste dos teus direitos de autor a favor do IAC.
Sim. Tendo em conta os valores e missão do IAC para mim fazia sentido fazê-lo desta forma.

Dica Controlo Parental: Tenha mão sobre o iPad e iPhone dos seus filhos

Photo by Patricia Prudente on Unsplash

Vamos falar de controlo parental. Este assunto tem sido solicitado e vamos abordar essencialmente os dispositivos móveis que são os mais usados pelas crianças atualmente. Não há sítio onde os pais não entretenham os mais novos com o seu smartphone ou tablet.
Hoje ensinamos a ativar as funções de restrição que o iOS traz quer para gerir o que faz o seu filho(a) no iPhone como no iPad.
Os pais e educadores podem ter um controlo total sobre o que as crianças podem ou não ver num iPad ou iPhone. O iOS traz uma vasta área de controlo parental que pode usar, evitando várias situações às quais não quer certamente que o seu filho(a) seja confrontado quando navega na Internet.
Também iremos ensinar a ter controlo sobre as compras de aplicações e compras integradas. Isto porque sabemos de casos em que as crianças já conseguiram o acesso às definições do iOS, gravaram a sua impressão digital e trazem surpresas desagradáveis aos encarregados de educação.
Saiba como AQUI.


segunda-feira, 4 de junho de 2018

Crianças e redes sociais: "muitos dos perigos são propiciados pelos próprios pais"

Photo by MARVIN TOLENTINO on Unsplash

Artigo de Nuno de Noronha para a SapoLifestyle, em 1 de Junho:

“Os pais devem salvaguardar os direitos de personalidade das crianças nas redes sociais, evitando divulgar fotografias dos próprios filhos e controlando as partilhas que estes fazem de alguns conteúdos”, defende um estudo de Rossana Martingo Cruz, professora da Escola de Direito da Universidade do Minho. Assinala-se hoje o Dia Mundial da Criança.

Esta é uma das recomendações destacadas no trabalho “A criança no (admirável?) mundo novo das redes sociais”, que procurou refletir sobre o modo como os pais devem preservar os direitos de personalidade dos filhos. “Estes direitos são essenciais na medida em que tutelam a integridade física e moral do indivíduo. Importará salvaguardar, neste âmbito, o direito à imagem, à privacidade, à intimidade e à honra”, explica a jurista especializada em Direito da Família.

Na sua investigação, apresentada em vários congressos internacionais, realça que cabe aos pais autorizar e monitorizar a divulgação de determinados conteúdos, sendo o controlo ajustado à idade e maturidade do menor. “A decisão deve ter em conta o impacto da publicação no dia-a-dia e no futuro da pessoa, a abrangência da rede social, entre outros critérios. É também da responsabilidade dos pais alertar os filhos sobre a disposição do seu direito à imagem e os riscos da internet”, reforça Rossana Martingo Cruz, do Centro de Investigação para a Justiça e Governação da UMinho.

Com a emergência do ciberespaço surgiram desafios em termos de responsabilidade parental e na forma como as crianças vivenciam a sua infância. Desde logo porque estão expostas a “um mundo novo” disponível à distância de um clique num computador, tablet ou smartphone, o que não acontecia com as gerações anteriores. “Os limites que vedam a sua privacidade podem ser hoje facilmente ultrapassados. Muitos dos perigos conhecidos são propiciados pelas próprias crianças ou até pelos próprios pais quando partilham alguns conteúdos privados nas suas redes sociais”, assevera a investigadora.


Quando são os pais a publicar fotografias das crianças

Embora ainda não exista uma ampla discussão sobre esta problemática em Portugal, alguns tribunais já mostraram preocupação com a ciberproteção dos menores.


Uma das decisões jurisprudenciais pioneiras neste âmbito foi proferida em junho de 2015 pelo Tribunal de Évora, que proibiu um casal de divulgar imagens e informações da filha nas redes sociais, de forma a salvaguardar o direito à reserva da intimidade e o superior interesse da criança.

“A ânsia de nos enquadrarmos nestes meios de confraternização virtual não pode levar a uma derrogação de direitos essenciais sem qualquer ponderação, principalmente quando se trata de crianças que devem ser preservadas e não expostas”, conclui Rossana Cruz".