KIRILL KUDRYAVTSEV |
Artigo de Hugo Séneca para a Exame Informática, em 20 de abril de 2018.
Durante o projeto Veritaps, um conjunto de investigadores desenvolveu um algoritmo que permitiu apurar que a demora na interação com o ecrã do telemóvel pode ser indiciadora de desonestidades.
Na Universidade de Copenhaga, Dinamarca, há um projeto que promete desmontar algumas mais rebuscadas mentiras: um equipa de investigadores escandinavos anunciou o desenvolvimento de algoritmo que deteta a desonestidade de um utilizador pela forma como toca ou desliza os dedos para interagir com as diferentes funcionalidades do terminal.
O estudo que acaba de ser publicado tem por base uma tendência curiosa: num telemóvel, as ações que implicam algum tipo de desonestidade geralmente demoram mais que as outras ações, informa a Cnet.
Durante o projeto, conhecido por Veritaps, os investigadores submeteram vários voluntários a três tipos de testes: num dos testes, os utilizadores eram instados a mentir sobre cores que iam surgindo nos telemóveis; num segundo teste, cada pessoa tinha a possibilidade de mentir sobre uma compensação monetária que deveria ser dividida com outra; e no terceiro ensaio, os voluntários eram instados e premiados por mentir sobre os resultados alcançados num jogo de dados.
Nos dois primeiros testes, verificou-se que os utilizadores que enveredavam pela mentira costumavam demorar mais tempo a interagir com um toque ou um “swipe” nos ecrãs dos terminais. No terceiro teste, a tendência revelada incide sobre a localização e a intensidade: quando está a ser honesto, o utilizador tende a tocar no centro do ecrã e a usar mais força. Quando tenta ser desonesto, esse mesmo utilizador poderá ter a tendência de preferir os rebordos do ecrã.
Durante o projeto, os investigadores da Universidade de Copenhaga desenvolveram uma app que sinaliza a verde respostas consideradas como verdadeiras e a vermelho as reações que são potencialmente desonestas. A app também solicita mais informação aos utilizadores sempre que necessário.
A aplicação, que foi desenvolvida para dispositivos Android, não foi disponibilizada ao público, mas os mentores do projeto Veritaps, apesar de lembrarem que o algoritmo não é um detetor de mentiras, estão confiantes de que a tecnologia poderá ser útil em diferentes cenários. Deteção de desonestidades na venda de produtos online, fraudes em declarações de rendimentos, ou apenas situações em que o utilizador mente a si próprio quando olha para um compromisso assente na agenda são alguns dos exemplos dados.
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