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Artigo de Mariana Godinho para a Visão, em 20 de maio de 2018.
Um estudo da Universidade de Glasgow chegou à conclusão que tudo o que interrompa o normal ritmo circadiano aumenta a probabilidade de instabilidade emocional, depressão e até bipolaridade. A partir das 22h00, esqueça o telemóvel.
Investigadores da Universidade de Glasgow, na Escócia, chegaram à conclusão de que quem fica agarrado ao telemóvel até tarde tem mais 11% de probabilidade de sofrer de bipolaridade e mais 6% de probabilidade de passar por uma depressão.
Os participantes deste estudo, que foi o primeiro a analisar em larga escala as a interrupção do normal funcionamento do relógio biológico, também demonstraram níveis de felicidade reduzidos e, pelo contrário, e altos níveis de solidão.
Foram estudadas mais de 91 mil pessoas entre os 37 e os 73 anos e monitorizadas durante sete dias por acelerómetros de pulso para medir o ritmo circadiano (responsável pelo relógio biológico que controla o sono e o apetite) e perceber o que o perturba.
À diferença dos ritmos de atividade e descanso chama-se amplitude relativa e a equipa de Glasgow concluiu que os indivíduos com menor amplitude relativa eram os que tinham maior risco de problemas de saúde mental, mesmo depois de tidos em conta fatores como a idade, sexo, estilo de vida, educação e traumas de infância.
Daniel Smith, o principal autor do estudo, especifica, em declarações ao The Times, o uso do telemóvel até tarde e o acordar de madrugada para fazer chá como hábitos que contribuem para uma "má higiene do sono". "Mas não é apenas o que faz à noite, é o que faz durante o dia - tentar ser ativo durante o dia e passivo à noite", defende. O inverno é a altura a que Smith dá mais enfase, explicando que é tão importante "sair de casa pelo ar fresco da manhã" como "não estar no telemóvel para ter uma boa noite de sono". O investigador garante que 10 horas da noite é uma boa altura para pôr o telemóvel de lado.
Como cada vez mais pessoas estão a viver em ambientes urbanos, o que aumenta o risco de perturbações no ritmo circadiano, Daniel Smith explica que "o próximo passo será identificar os mecanismos pelos quais as causas genéticas e ambientais da perturbação circadiana interagem para aumentar o risco individual de depressão e bipolaridade."
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