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Artigo Cátia Carmo para o site Delas.pt, de 16 de janeiro de 2018, .
A tendência de seguir desafios nas redes sociais que colocam em risco a própria vida parece ter vindo para ficar. O primeiro ganhou popularidade em 2007 e consistia em comer uma colher de sopa de canela, sem a ajuda de água. Seguiu-se o jogo da Baleia Azul, que incitava os jovens a superar 50 testes perigosos e causou vítimas mortais em Portugal e, em setembro do ano passado, apareceu o desafio do gelo e sal, que incentivava os adolescentes a queimarem-se com estes dois ingredientes e a partilhar a imagem nas redes sociais. Agora surgiu, nos EUA, o ‘tide pod challenge’, que consiste em mastigar pastilhas com detergente, quer sejam para as máquinas de lavar roupa ou louça.
Nos vários vídeos espalhados pelas redes sociais pode ver-se que, depois de mastigarem as pastilhas, os jovens forçam-se a vomitar para impedir que o detergente se espalhe pelo organismo. A ideia surgiu depois de o The Onion, um jornal satírico norte-americano, ter brincado com o “aspeto delicioso” das pastilhas. Só desde o início do ano, segundo dados da Associação Americana de Centros de Controlo de Veneno citados pelo The Washington Post, 37 adolescentes foram para o hospital depois de ingerirem componentes destas pastilhas. Metade dos casos foram intencionais. Marc Pagan, de 19 anos, foi um deles.
“Muitas pessoas me disseram que fui estúpido ou perguntaram por que estive disposto a fazer isso. Ninguém deve colocar coisas daquele género na boca“, desabafou Mar Pagan, ao The Washington Post, depois de ter participado e sobrevivido ao desafio.
Por que razão os jovens alinham nestes desafios?
Este tipo de pastilhas contém etanol, polímeros e peróxido de hidrogénio. Todos eles componentes que podem colocar em risco qualquer vida humana. Ainda assim, e apesar de todos os alertas, os adolescentes continuam a querer participar nestes desafios.
“Durante o período da adolescência, a partir dos 13 anos, os jovens querem assumir a sua imagem, assumir-se como indivíduo, e efetivamente começam a entrar nestes desafios com o objetivo de serem vistos pelos outros, serem mais sociais, terem mais visualizações e afins”, explicou ao Delas.pt a psicóloga Raquel Ferreira.
Ainda não há registo de casos do ‘Tide Pod Challenge’ em Portugal, mas nunca é demais prevenir e, para isso, na opinião da especialista é necessário diálogo no seio das famílias.
“O trabalho de prevenção e sensibilização para este tipo de coisas devia começar sempre em casa, desde muito pequenos. Defendemos muito uma comunicação transparente em que, desde que as crianças são pequeninas, existe um espaço de comunicação e partilha entre família onde se possa comunicar e conversar sobre qualquer tema que tanto os pais como os filhos considerem pertinente e possam discutir em conjunto”, sublinhou a psicóloga.
Se o seu filho andar com comportamentos estranho, desconfie. “Sempre que temos uma criança ou adulto com um determinado padrão de comportamento que, subitamente, é alterado, é sinal de que existe um problema. Depois é preciso perceber de que tipo de problema estamos a falar. Isto é bastante visível“, acrescentou Raquel Ferreira.
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Dicas da Google para manter a família protegida na Internet
- Converse com a sua família sobre a segurança online: estabeleça regras e expectativas em torno da tecnologia e as consequências de um uso inapropriado. E mais importante, certifique-se de que eles se sentem suficientemente confortáveis para perguntar sempre que sejam confrontados com decisões difíceis.
- Utilize a tecnologia em conjunto: esta é uma boa forma de ensinar segurança online e cria oportunidades para falar de temas relacionados com a segurança com a sua família à medida que vão surgindo.
- Proteja palavras passe: ajude a sua família a conhecer melhor como definir palavras passe seguras online. Relembre-os de não entregarem as suas palavras passe, exceptuando a adultos de confiança, como por exemplo o pai ou a mãe.
- Utilize as definições e controlos de partilha: existem muitos websites para partilharem pensamentos, fotografias, vídeos, estados de espírito e muito mais. Muitos destes serviços proporcionam controlos e definições de privacidade que o ajudam a decidir quem pode ver o seu conteúdo mesmo antes de o publicar.
- Verifique as restrições de idade: muitos serviços online – incluindo a Google – têm limites de idade, limitando quem pode utilizar estes serviços. É necessário, por exemplo, cumprir alguns requisitos de idade para se ter uma conta Google e alguns produtos estão limitados a maiores de 18 anos.
- Ensine a sua família a comunicar de forma responsável: aqui está uma boa regra de ouro: se você jamais diria algo em particular, cara a cara, não o faça por texto, e-mail, mensagem instantânea ou post, como um comentário na página de alguém.
- Fale com outros adultos: fale abertamente com os seus amigos e familiares, professores. Outros pais e profissionais que trabalham com crianças podem ser uma grande ajuda para ajudá-lo, em especial caso se trate de uma área de tecnologia que não lhe é familiar.
- Proteja a sua identidade e o seu computador: utilize software anti-vírus e actualize-o regularmente. Fale com a sua família sobre qual a informação que não deve ser divulgada online – telefones, morada, etc.
- Ajuste-se à medida que a tecnologia evolui: mantermo-nos seguros não é algo que se faça apenas uma vez. A tecnologia evolui tal como as necessidades da sua família. Assegure-se que mantém sempre uma diálogo constante.
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